Redes sociais e censura: da liberdade à opressão

Motivados principalmente pela narrativa das “Fake News”, as grandes redes sociais passaram de espaço para o debate e confronto livre de ideias para a atuação como censores do que pode, ou não, ser publicado.

No início, as redes sociais hoje dominantes, como Facebook e Twitter, eram tidas como oportunidade de contraponto aos grandes veículos de comunicação, acostumados a conduzirem o debate público, muitas vezes de acordo com seus interesses e daqueles que pagam pelas propagandas, dentre estes, muitos políticos corruptos. As redes sociais se tornaram espaços para enfrentar os sistemas de comunicação dominantes e para dar voz aos internautas que quisessem expressar suas ideias de forma livre.

Hoje, estabelecidas como big techs, tendo levado seus fundadores a bilionários, essa redes passaram a ter como uma de suas políticas o direcionamento do que pode ser considerado verdade e mentira. A política de censura aos usuários atinge principalmente aqueles que discordem ou que proponham debater aquilo que é publicado pelos grandes veículos de comunicação, os mesmos que muitos desses usuários combateram para defenderem o crescimento do debate a partir das redes sociais.

Nas redes sociais iniciais, os pensamentos antagônicos se confrontariam. No fim, talvez  nenhum fosse hegemônico; talvez surgisse um novo pensamento; ou, talvez, um dos pensamentos se consagraria vitorioso. Mesmo assim, no futuro, novos debates sobre o tema poderiam mudar o entendimento tido como vencedor.

Censor mediando o debate público é o mesmo que não existir debate público

Com a censura prévia, estabelecida sob o pretexto de combate a “Fake News” – que passou a ser usado para censurar ideias e opiniões, e não apenas para averiguar notícias –, as redes sociais estão excluindo o contraditório e decidindo quem deve e quem não deve participar do debate. Com isso, está sendo podada a pluralidade e o confronto  de ideias, fazendo com que apenas as ideias quem se coadunam com os censores sejam publicadas e, posteriormente, tidas como válidas.  .

A liberdade de expressão está ameaçada em todo o mundo. As poucas grandes empresas de tecnologia global conseguiram o poder de  censurar quem elas quiserem, de um simples internauta a presidentes.

As redes sociais estão agindo como governos ditatoriais, com o diferencial de que não existe uma fronteira de atuação.  Estão agindo, por exemplo, como os governos ditatoriais que ajudaram a derrubar na Primavera Árabe (2010), tentando impedir que o povo tenha acesso ao debate de ideias de forma livre, como se o povo não tivesse capacidade para debater e escolher aquilo que acha mais adequado aos seus pensamentos.

Os internautas estão indefesos, deram poder a um criatura muito fofinha e gentil, acreditando que ela seria assim para sempre. A criatura cresceu e hoje ameaça devorar quem a alimentou.